Por Cris Akemi
"Hoje é domingo
Pede cachimbo
Cachimbo é de barro
Bate no jarro
O jarro é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Bate na gente
A gente é fraco
Cai no buraco
Buraco é fundo
Acabou-se o mundo"
Essa parlenda é a que eu mais gostava quando era criança, mas com certeza não tinha a menor idéia do que queria dizer, talvez nem agora, de fato. A questão curiosa é que eu achava que existia um pé de cachimbo e não que o domingo pedia cachimbo, mas essa foi só a primeira das confusões que eu fiz com letra de música na minha ínfima existência.
Bem depois disso eu cantava em posição de protesto "Homem primata" dos Titãs, gritando "homem que mata", capitalismo selvagem, não que a minha versão também não tivesse lá a sua razão, mas...
O mais interessante pra mim, é como a gente traduz as coisas da forma que convém, ou mais apropriadamente, como resignificamos, aliás descobri que muitas pessoas acreditam no pé de cachimbo como eu.
Já adultos não nos deixamos levar de forma tão fácil, e perdemos demais com isso, não nos envolvemos com as coisas que estão a nossa volta e menos ainda com as pessoas. Muitos acreditam que a criança é um ser ingênuo, porém tenho que discordar, ingenuidade é o excesso de credulidade, a criança não acredita demasiadamente mas oferece a confiança necessária para descobrir se algo é verdadeiro ou não, bom ou não, está aberta, não tem bloqueios de níveis psíquicos ou sociais, nós já somos impuros, cheios de vícios e medos e não damos o benefício da dúvida, por vezes, nem a nós mesmos.
Esse comportamento está diretamente ligado com o sistema econômico que nos obriga a sermos assim, pois se formos diferentes com certeza sairemos prejudicados. Obviamente, que é uma questão de conceito, se eu me corrompo para me adequar ao sistema, e dessa forma, mantenho minha integridade financeira, por exemplo, será que não estaria me prejudicando mais do que se me mantivesse incorruptível e sem emprego. Gostaria de acreditar que sim, e no fundo acredito, mas me sinto compelida, até mesmo pelas responsabilidades familiares a agir de maneira diferente, e isso me consome enquanto ser humano. Me consome também o fato de que quanto uma pessoa age corretamente, de acordo com uma ética, quase sempre perde, do ponto de vista sócio-econômico, ou é considerada tola, e isso me entristece, porém não me derruba e não modifica meus valores.
Portanto, quando me lembro do pé de caximbo, e com "x" porque até pouco tempo eu realmente não sabia como escrever e não me envergonho disso, eu me animo e me renovo porque acredito que devo me manter aberta, pura, pronta para sentir o que tiver que sentir e viver o que tiver que viver, não acredito que me proteger signifique desconfiar, e sim saber como lidar com o que vier, desde que seja sincera, sem agressividade e sem rancor com o que de mal possa surgir. Se eu consigo agir assim já é outra história...
Cada dia te amo mais, e ainda mais por sua integridade.
ResponderExcluirMinha professora de ética!!! rsrsrs Há que ser sincera e honesta por toda vida! Senão... não seria CRISTINA AKEMI, minha amiga!
ResponderExcluirTe amo querida!
Até outro dia não entendia o que o Tim Maia falava no trecho: "Tomo um guaraná, suco de cajú, goiabada para sobremesa..." Passei anos sem saber qual era a tal sobremesa. Ainda bem que gosto de goiabada! Foi uma descoberta agradável! Arroi
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